AGRO: O CICLO DAS FORMIGAS CORTADEIRAS (Saúvas)

Imagem / Ilustrativa.

As formigas cortadeiras são insetos que vivem em colônias. Pertencem a ordem Hymenoptera e família Formicidae. Dentro desta família existem sub-famílias, a mais conhecida é Myrmicinae, onde encontram-se dois gêneros: Atta (saúvas) e Acromyrmex (quenquéns). São insetos de grande importância econômica, pois são capazes de causar enormes prejuízos em lavouras, pomares e principalmente áreas de reflorestamento em implantação, pois acabam cortando as plantas para armazenar em seus “ninhos”.

Ao contrário do que muitas pessoas imaginam as formigas, apesar de cortar as plantas e transportar até seus ninhos, não se alimentam diretamente destes materiais acumulados, mas sim, utilizam de tudo que armazenam para cultivar um fungo: Leucoagaricus gongylophorus. É através do consumo deste fungo que as formigas sem mantêm ativas.

Dentro de uma colônia de formigas existem as castas que nada mais são do que divisões morfofisiológicas dos indivíduos de acordo com a função que exercem na sociedade. As castas podem ser divididas em temporárias ou permanentes.

Castas permanentes são representadas por indivíduos ápteros (sem asas) que são a rainha e as operárias. A rainha é o posto hierárquico do topo da colônia e tem a função de manter a colônia organizada e ovipositar. De seus ovos eclodem as operárias que são formigas de menor tamanho e possuem funções distintas dentro da colônia:

- Jardineiras: cultivam o fungo;

- Cortadeiras: cuidam da prole, cortam e transportam as plantas e constroem o ninho;

- Soldados: defendem a colônia e auxiliam as cortadeiras.

Castas temporárias são representadas por indivíduos alados (com asas) que são as tanajuras ou içás (fêmeas) e bitus (machos). Tanajuras e bitus são indivíduos originados da oviposição da rainha em formigueiros adultos (maduros), ou seja, cuja sua formação tenha sido iniciada a 3 anos ou mais.

Tanajuras e bitus, ambos alados, saem do formigueiro uma vez por ano, no início da primavera, ou assim que ocorrerem chuvas volumosas no final do inverno. Em uma cópula nupcial, os bitus fecundam os ovos presentes no abdômen das tanajuras. Bitus acabam morrendo após a cópula e as tanajuras cortam suas asas e imediatamente iniciam a escavação para formação de um novo formigueiro.

As tanajuras trazem consigo ovos que são ovipositados no formigueiro em construção e também o fungo alimentar que é regurgitado para inicio de uma nova colônia. Tudo isso ocorre em aproximadamente 2 dias após o início da escavação do novo formigueiro. Cerca de 30 dias após a oviposição já podem ser observadas pupas em desenvolvimento que após duas semanas eclodem para formação dos adultos (operárias) que em seguida estarão aptas a coletar folhas para abastecer o formigueiro, sob o comando da rainha (anteriormente tanajura) iniciando assim um novo ciclo. 

O fenômeno da revoada das tanajuras e bitus realmente é algo fascinante para quem for agraciado em presenciar e, como mencionado anteriormente, essa revoada acontece somente uma vez por ano e, na última semana, foi possível observar a ocorrência desse fenômeno em várias localidades na região Oeste do Paraná. 

Muitos foram os relatos desse acontecimento, gerando comentários e preocupação quanto à formação de novos formigueiros com potencial de destruição de plantas. No entanto, vale ressaltar que, por mais espantoso que seja o número de insetos visualizados em revoada, menos de 1% das tanajuras que iniciam o processo de escavação do novo formigueiro tornar-se-ão rainhas consolidadas e comandantes de uma nova colônia. 

No entanto, vale ressaltar que, depois de formado, um sauveiro poderá perdurar por mais de 20 anos sob orientação de uma mesma rainha, ao passo que, operárias em uma colônia apresentam ciclo de vida que varia de 4 meses a pouco mais de 1 ano, dependendo do trabalho que desempenham dentro do formigueiro.

Por / Danimar Dalla Rosa – Colunista RRMAIS

RRMAIS.COM.BR “Informação com Credibilidade” - Guaraniaçu-PR.

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Danimar Dalla Rosa

Danimar Dalla Rosa

Possui curso Técnico em Agropecuária pelo Colégio Agrícola Estadual Ângelo Emílio Grando - Erechim, RS. Engenheiro Agrônomo pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE. Foi bolsista de Iniciação Científica por dois anos consecutivos e bolsista do grupo PET Agronomia da UNIOESTE por mais dois anos. Foi estagiário; entre julho e outubro de 2014; no Setor de Melhoramento Genético da cultura do Trigo na Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola - COODETEC em Cascavel - PR. Mestre na área de Produção Vegetal, linha de pesquisa manejo de culturas pela UNIOESTE e atua como Engenheiro Agrônomo na empresa Fertizan - Comércio de Defensivos Agrícolas. Também atua nas áreas de fruticultura e fitotecnia.