Vinho no Divã.

Vinho no Divã.

Imagem / Valor Econômico.

A essa altura do dia, enquanto você está lendo essa coluna, faça um exercício:

Pare agora o que está fazendo e tente fazer um apanhado de quanta informação atingiu seu cérebro, somente hoje, até este momento.

Cotação do dólar, clima da semana, preços dos produtos agrícolas, lista de compras, tabela fipe do seu carro, fotos da viagem de fulano no Instagram, o Twiter político bombástico do dia, pandemia, guerra etc. etc. etc.

Agora tente lembrar qual foi o seu jantar de ontem à noite. Tente fazer uma breve síntese do último livro que você leu, a data de aniversário de alguém importante, quanto tempo já se passou do seu último check-up de saúde.

Com tanta informação não fica espaço para o conhecimento. Com tantos dados sobre tanta coisa, acabamos colocando nossa vida em um piloto automático. Quer ver? Aposto que quem sugere um filme para você assistir é a Netflix, quem escolhe a rota para aquele restaurante que, a propósito, o Tripadivisor lhe indicou, foi o Waze. E claro, como aqui é uma coluna sobre vinhos, quantas vezes a compra do seu vinho não foi definido pelas notas do Vivino?

Essas premissas se desenvolvem para o fato de que, talvez uma das razões para o sucesso que o vinho vem fazendo seja justamente as circunstâncias que envolvem uma degustação minimamente pormenorizada. Para tanto é preciso desacelerar nosso cérebro e estimular nossos sentidos, dando ênfase a cada um sucessivamente, e finalmente aproveitar “o momento”, sem angustias com o passado ou ansiedade com o futuro, somente vivendo o presente.

Iniciamos com a audição, dando um sinal ao nosso cérebro pelo estampido da rolha saindo da garrafa, que estamos prestes a iniciar uma experiência sensorial completa.

Com o vinho em taça acionamos a visão. Atenção a cor com todo seu espectro de possibilidades. A velocidade e a densidade das lagrimas (após girar o líquido gotas escorrerão pela parede da taça parecendo com uma lágrima que escorre de um rosto), a clareza ou turbidez, a presença ou não de sedimentos.

Passamos ao olfato, sentido mais estimulado na degustação. No primeiro momento a identificação olfativa acontece para a procura de algum problema que, raramente um vinho por ventura possa vir a apresentar. Passando esse ponto, vamos calmamente passeando por um mundo de aromas, tentando identificar, baseado em nossa memória olfativa, cada um dos possíveis cheiros produzidos por aquele vinho. Frutas vermelhas, frescas ou maduras, frutas negras, compotas, geleias, especiarias, terrosos, marítimos, vegetal, etc. “Perca” um bom tempo nessa exploração.

Tudo isso aconteceu e ainda não colocamos o vinho na boca. Quando o paladar entra em cena, notamos a estrutura do corpo do vinho, os taninos, a acidez, a graduação alcoólica entre outras coisas.

Fazendo tudo isso você já disponibilizou para o aprimoramento dos seus sentidos um tempo que a tempo não disponibilizava. Somado a isso o período que você levará para apreciar a garrafa toda, você acabou de se presentear com um momento só para você, longe daquele volume monstruoso de coisas que vão ocupando espaço na nossa vida e expulsando dela o que realmente é importante.

A vida, assim como uma viagem, só acontece com movimento. Mas é parando que se aproveita os melhores momentos. Usufrua!!

Forte abraço e ótimos vinhos!!!

Por Fernando Pandini / Colunista RRMAIS

 

RRMAIS.COM.BR “Notícias com Credibilidade” - Guaraniaçu-PR.

** Envie fotos, vídeos, sugestão de pautas, denúncias e reclamações para a equipe Portal RRMAIS.com.br pelo WhatsApp (45) 9 9132-8230.

Edson da Cunha

Edson da Cunha

Bacharel em Direito pela UNIVEL - Universidade de Cascavel, radialista comunicador e apresentador na emissora de Rádio Viola 98,1FM de Guaraniaçu.