Imagem/ O Globo
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realiza a primeira reunião de 2024 nesta semana, começando na terça e terminando quarta-feira. A expectativa é de um novo corte na taxa básica de juros, Selic. Em dezembro, o Banco Central indicou que o ritmo de queda de 0,5 ponto percentual a cada reunião deveria ser mantido nos dois primeiros encontros do ano.
A previsão se baseia nas variáveis atuais do cenário econômico: queda de preços, diminuição na taxa de juros de longo prazo no exterior, principalmente nos Estados Unidos, e avanço nas medidas de equilíbrio fiscal do governo brasileiro.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2023 com alta acumulada de 4,62%, dentro do intervalo da meta da inflação, que era de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Com a manutenção da queda no índice prevista para 2024, a expectativa de economistas é que a Selic mantenha a trajetória de baixa.
O economista André Perfeito prevê a taxa básica de juros encerrando o ano em 9,75%. Mas ele alerta para sinais de possível aumento na inflação, a partir da divulgação do IPCA-15, na semana passada.
– A dispersão dos preços aumentou e uma medida bastante usada pelo COPOM para antecipar a inflação, os Serviços Subjacentes, teve piora. Mantenho a perspectiva já expressa no meu cenário para 2024 onde o IPCA cheio pode até ficar mais baixo, contudo, serviços tendem a pressionar devido a recuperação do rendimento médio real habitual na esteira do desemprego em queda – disse.
As projeções de inflação medidas pelo Boletim Focus, que coleta estimativas do mercado financeiro, estão em 3,86% para 2024, e 3,5% nos próximos anos. A meta é de 3%, com intervalo de 1,5 ponto. Embora esteja na tolerância, os números se mantêm acima do centro, por isso, o BC tem receio de acelerar o ritmo de cortes para 0,75 ponto, como deseja o governo Lula e integrantes da equipe econômica.
Outro ponto de preocupação do Banco Central é o risco de crescimento dos empréstimos subsidiados via BNDES, que poderiam diminuir os efeitos da política monetária. Quanto maior o volume de recursos subsidiados, no chamado "crédito direcionado", maior também precisa ser a taxa de juros do chamado "crédito livre", para se conseguir conter a alta da inflação.
Na última semana, o governo anunciou um plano de incentivo à indústria. Embora a maior parte dos recursos tenha como referência taxas de mercado, o projeto aumentou o medo de que isso represente uma volta ao crédito subsidiado que vigorou durante o mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.
VIA/ O Globo
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