Imagem: Getty Images/iStockphoto.
A alta do preço dos combustíveis após o reajuste do ICMS neste mês deverá impactar em alta no preço dos alimentos, atrapalhando os planos do governo Lula (PT) para baixá-los.
O que aconteceu
O preço médio da gasolina subiu mais do que o esperado na primeira semana após aumento da alíquota. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), a alta foi de R$ 0,15 por litro, R$ 0,05 a mais do que o aumento do imposto estadual.
Isso deverá impactar diretamente no preço dos alimentos. Membros do governo e do Ministério da Fazenda já dizem avaliar que vão ter de pensar em novas medidas para impactar na inflação dos produtos, que foram alguns dos principais vilões no bolso do brasileiro durante o ano passado e têm arranhado a imagem de Lula.
Isso se dá bem quando a gestão comemorava o fim da alta do dólar. Além de esperar novas safras vindo do Sul e do Centro-Oeste, a queda da moeda norte-americana, que bateu recorde no início do ano, deveria igualmente puxar para baixo a tração dos alimentos.
Esta é uma preocupação chave para Lula. O presidente sabe que a inflação alimentícia é um dos pontos que mais impacta na imagem e na popularidade de um governo, e tem pressionado seus ministros da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Fazenda para arrumar alternativas rápidas.
Mais caro o combustível, mais cara a comida
Com a alta, o preço médio do combustível no país chegou a R$ 6,35. Como mostrou a Folha de S. Paulo, este é o maior valor desde o início do terceiro mandato de Lula, em valores corrigidos pela inflação.
Isso já acendeu alerta no Planalto. Além de impactar diretamente no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o governo já espera que a alta acima do esperado impacte de imediatamente nos já inflados alimentos.
O impacto pode chegar a 10%, segundo uma fonte ligada à Fazenda. O cálculo é feito como uma fila de dominó, com alta do diesel, sobe o frete para transporte rodoviário (principal meio usado para levar alimentos no país), que aumenta o gasto de supermercados e restaurantes, que aumentam os próprios gastos com combustível interno, que invariavelmente repassam ao consumidor.
Governo terá de rever planos
A alta se dá em meio a todo um esquema montado pelo governo para segurar a alta. Os alimentos foram os responsáveis por conter uma possível deflação no mês de janeiro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Uma das principais estratégias é o estímulo à produção nacional. O governo tem procurado diminuir os juros para os produtores de alimentos que abastecem o mercado interno, através do Plano Safra e do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
O governo também busca aperfeiçoar programas de apoio aos produtores. Há discussões dentro do governo, para melhorar o Pronaf, mas também o Pronan (Programa Nacional de Alimentação e Nutrição) para os médios produtores, para aumentar a produção de alimentos e, assim, diminuir o preço no mercado local.
Outra medida é o controle da tarifa de importação de forma seletiva e progressiva. O objetivo é que o preço de produtos importados não prejudique a produção interna, mas que possa trazer melhoria nos preços de produtos no Brasil.
Agora, esses planos têm de ser reforçados, dizem auxiliares. Por mais que consiga reduzir algumas taxas e estimular produção local, a alta do combustível, em especial do diesel, gera um impacto mais rápido e mais difícil de controlar do que problemas com safra ou alta do dólar, considerados os principais vilões do ano passado.
Bem agora...
O governo lamenta porque via este início de ano como ponto de virada. Após uma longa sequência acima de R$ 6, a moeda norte-americana apresentou sucessivas quedas e fechou na última sexta (7) a R$ 5,79.
Uma queda trazer a outra é a expectativa da Fazenda. "A política que estamos adotando para trazer esse dólar para um patamar mais adequado vai ter reflexo nos preços nas próximas semanas", afirmou o ministro Fernando Haddad a uma rádio de Pernambuco, na última sexta.
As safras também estão estabilizando. O Rio Grande do Sul, maior produtor de arroz do país, entre outros alimentos, está conseguindo retomar o ritmo após as enchentes do ano passado. Também há uma expectativa de queda com remessas de São Paulo, do Paraná e do Centro-Oeste.
Via / Uol.com.br
RRMAIS.COM.BR “Notícias com Credibilidade” – Guaraniaçu-Pr.
** Envie fotos, vídeos, sugestão de pautas, denúncias e reclamações para a equipe Portal RRMAIS.com.br pelo WhatsApp (45) 9 9132-8230.