Foto: The White House/ Tia Dufour.
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que a recente guerra comercial entre Estados Unidos e China poderá trazer efeitos para a economia brasileira. Por outro lado, a soja pode se beneficiar.
Segundo o levantamento, as tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump, conhecidas como ”tarifaço”, devem prejudicar a indústria e o setor de serviços do Brasil, ao mesmo tempo em que beneficiam as exportações da commodity.
A análise foi realizada pelo Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea), vinculado ao Cedeplar, da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. O estudo foi divulgado no último domingo (6) e é assinado pelos pesquisadores Edson Paulo Domingues, João Pedro Revoredo e Aline Souza Magalhães.
De acordo com os autores, as medidas tarifárias de Trump, que impõem uma alíquota de 10% sobre produtos brasileiros, e as retaliações anunciadas pela China devem provocar uma retração de 0,16% no Produto Interno Bruto (PIB) global. Isso equivale a uma perda de cerca de US$ 128 bilhões (R$ 755 bilhões), resultado de uma queda estimada de 2,81% no comércio internacional.
Apesar do cenário global negativo, o Brasil aparece como uma exceção parcial. O estudo aponta que o país deve registrar um leve crescimento no PIB, impulsionado principalmente pelo aumento nas exportações de soja para a China. O grão brasileiro surge como alternativa à soja norte-americana, que passou a enfrentar restrições do governo chinês.
Exportações de soja
Segundo os dados do Nemea, as exportações de soja devem crescer cerca de US$ 4,8 bilhões (R$ 28 bilhões). Esse ganho tende a mais do que compensar as perdas projetadas para outros setores, como a indústria (US$ 3,5 bilhões), serviços (US$ 375 milhões) e outras áreas do agronegócio (US$ 587 milhões).
“O Brasil observaria um pequeno benefício, na ordem dos US$ 350 milhões no PIB. Do ponto de vista setorial, essencialmente, o único setor brasileiro beneficiado seria o de sementes oleaginosas (soja), o qual destinaria boa parte de sua produção para as exportações e geraria o resultado positivo no PIB”, explicam os autores no estudo.
Sinal de alerta para a indústria
Apesar do saldo positivo, os pesquisadores alertam para os efeitos colaterais da dependência do agronegócio. A retração da indústria pode intensificar o processo de desindustrialização, enfraquecendo a capacidade do Brasil de gerar empregos qualificados e sustentar o crescimento econômico a longo prazo.
Além disso, especialistas apontam que o aumento da demanda externa por produtos agrícolas, como a soja, pode pressionar os preços internos dos alimentos, algo preocupante em um cenário de inflação elevada.
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