Quantos dias o brasileiro precisa trabalhar no ano só para pagar impostos?

Quantos dias o brasileiro precisa trabalhar no ano só para pagar impostos?

Imagem / iStock.

Cento e quarenta e sete dias por ano. Ou 4 meses e 27 dias. É esse o tempo médio que o brasileiro teve que trabalhar em 2023 para dar conta dos impostos. O dado é de um estudo realizado pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação), que realiza anualmente a estimativa com base na carga tributária do país.

Impostos são mais de 40% do rendimento do brasileiro

O total gasto para pagar impostos sobre renda, patrimônio e o consumo corresponde a 40,28% do rendimento médio dos brasileiros. O Brasil é um dos países com maior carga tributária e menos retorno para a população, de acordo com o IBPT. Em 2022, a carga tributária foi estimada em 40,82%. Até 2006 se manteve abaixo de 40%. Segundo o IBPT, com algumas exceções, houve um crescimento percentual dos gastos dos contribuintes ao longo das duas últimas décadas.

Em 2023, brasileiros trabalharam até 27 de maio de 2023 (147 dias) apenas para pagar tributos. Apesar do número alto, foram dois dias a menos que o total trabalhado em 2022 para pagar impostos: 149 dias. Segundo o estudo, isto aconteceu porque houve uma redução na cobrança de alguns impostos. O presidente executivo do IBPT, João Eloi Olenike, diz que o governo sancionou uma lei que restringia a cobrança de ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte. Essa desoneração foi a principal responsável pela queda no número de dias.

Comparado à década de 1970, os brasileiros trabalham mais do dobro de dias para pagar imposto. Em 1989, foram na média 81 dias trabalhados para pagar tributo. Desde 2005, tem ficado acima de 140 dias, segundo o IBPT.

Comparativo com outros países

Em países como México, Chile, Argentina, Reino Unido, Espanha e Estados Unidos, número de dias de trabalho para pagar imposto é menor. Países como Dinamarca, Bélgica e Suécia, por outro lado, possuem uma carga tributária ainda mais elevada, com seus cidadãos trabalhando mais de 160 dias por ano para pagar tributos.

O comparativo citado no estudo entre países tabela usa o índice da Carga Tributária sobre o PIB (ou seja, transforma o percentual deste índice em número de dias trabalhados para pagar tributos). Veja a lista de países que mais pagam impostos, com base em dados de 2021 e nesta metodologia:

Dinamarca: 164 dias

Bélgica: 161 dias

Suécia: 161 dias

Finlândia: 158 dias

Áustria: 153 dias

França:150 dias

Itália: 150 dias

Noruega: 149 dias

Hungria: 138 dias

Islândia: 138 dias

Alemanha: 137 dias

Eslovênia: 131 dias

Brasil: 124 dias

Reino Unido: 123 dias

Espanha: 123 dias

Israel: 119 dias

Nova Zelândia: 118 dias

Canadá: 118 dias

Uruguai: 113 dias

Japão: 112 dias

Argentina: 111 dias

México: 108 dias

 Suíça: 104 dias

Coréia do Sul: 98 dias

Irlanda: 83 dias

Estados Unidos: 81 dias

Chile: 68 dias.

Esses dados reforçam a necessidade de uma análise cuidadosa sobre a tributação no Brasil e seus impactos na vida dos cidadãos, destacando a importância de um retorno eficiente e transparente dos recursos arrecadados para a melhoria dos serviços públicos e o desenvolvimento humano no país.

Reforma tributária

O governo federal defende a aprovação no Congresso de uma reforma tributária. A proposta é simplificar o sistema tributário brasileiro. Não há indicativos, porém, de que as mudanças irão reduzir a carga tributária total.

As mudanças prometidas pelo presidente Lula devem ser fatiadas em duas etapas:

a unificação dos tributos sobre o consumo em um único imposto de valor agregado (IVA), que até agora foi batizado de IBS

a reforma do imposto sobre a renda, tanto da pessoa física quanto das empresas, assim como a tributação de lucros e dividendos.

Haddad avalia que a reforma tributária poderá ser votada na Câmara dos Deputados ainda no 1º semestre.

A reforma tributária] introduz no sistema tributário nacional um imposto de valor agregado que praticamente resolve uma boa parte dos vícios do atual sistema tributário que, na minha opinião é o responsável, o grande vilão pelas baixas taxas de crescimento da nossa produtividade. Não há como crescer com esse sistema.

Via / uol.com.br

 

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