Papa Francisco passará por cirurgia de emergência nesta quarta-feira.

Papa Francisco passará por cirurgia de emergência nesta quarta-feira.

Foto: Andreas Solaro/AFP.

O Papa Francisco, de 86 anos, passará por uma cirurgia de emergência sob anestesia geral na tarde desta quarta-feira no hospital Gemelli, em Roma, devido ao risco de obstrução intestinal, informou o Vaticano em comunicado. É a segunda operação que Francisco realiza no intestino em pouco menos de dois anos, em meio a problemas de saúde frequentes entre eles uma pneumonia que o deixou internado por três dias em março que geram preocupações nos fiéis.

De acordo com o comunicado do Vaticano, o religioso argentino será operado na parede abdominal e deverá ficar internado por “vários dias” para se recuperar. Mais cedo, ele havia participou da audiência semanal na praça São Pedro, no Vaticano, onde não fez nenhuma menção à operação planejada, e aparentou serenidade ao permitir que várias crianças subissem no papamóvel.

“A operação agendada (...) tornou-se necessária devido a uma laparocele que está causando síndromes suboclusivas recorrentes, dolorosas e agravadas. A permanência na unidade de saúde durará vários dias para permitir o curso normal do pós-operatório e a recuperação funcional completa”, diz a nota divulgada pelo secretário de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni.

Laparocele, no jargão médico, é um tipo de hérnia que se forma sobre uma cicatriz resultante de cirurgia. De acordo com a Santa Sé, o Papa passará por uma laparotomia — ou seja, uma cirurgia de barriga aberta — para corrigi-la.

Neste procedimento, o médico faz uma incisão no local da hérnia, buscando movê-la e fechar o orifício indesejado. Haverá também uma subsequente cirurgia plástica da parede abdominal com prótese, recurso geralmente usados para reforçar o local onde houve o fechamento.

Fatores de risco para a laparocele incluem infecção de ferida prévia, idade avançada e grandes cicatrizes, algo que o Papa tem devido a uma cirurgia prévia que realizou no intestino grosso em julho de 2021, quando passou 10 dias internado. De acordo com o Vaticano, a equipe médica de Francisco já previa que o procedimento desta quarta pudesse ser necessário.

Ele foi admitido na Gemelli há pouco menos de dois anos para fazer uma operação pré-agendada para tratar de uma diverticulite, inflamação na parede do intestino grosso que causa espessamento da parede do órgão, que fica mais estreito. No jargão médico, o termo para o quadro é estenose.

A ideia inicial era fazer uma cirurgia robótica, com técnica sofisticada e pouco invasiva realizada com a ajuda de robôs. O quatro provou-se mais grave do que o inicialmente previsto já no centro cirúrgico, contudo, e os médicos acharam melhor mudar os planos e fazer um procedimento "a céu aberto", quando a barriga é cortada. Cerca de 33 centímetros do órgão foram removidos.

Em uma entrevista à Associated Press em janeiro, o chefe da Igreja Católica havia dito que seus problemas intestinais tinham retornado, mas que "estava com boa saúde" para uma pessoa da sua idade.

Na terça, o Papa havia sido levado à Gemelli — cujo 10º andar tem uma ala reservada aos ocupantes do Trono de São Pedro — para exames gerais, onde sua equipe determinou que a operação seria necessária. Ele permaneceu no hospital por cerca de 40 minutos.

Esta será a segunda internação do Papa em pouco mais de dois meses, após ser levado de ambulância ao hospital no dia 29 de março, quando passou mal depois de uma audiência. Ele recebeu tratamento com antibióticos e foi liberado três dias depois.

Na época, noticiou-se que Francisco havia sido diagnosticado com bronquite aguda, mas em uma visita à Hungria no mês passado o religioso disse que sofreu de uma forma "aguda e grave" de pneumonia localizada na parte inferior do pulmão. O Pontífice teve a maior parte do pulmão direito removida aos 21 anos de idade por causa de uma pneumonia grave, e sua saúde vem sendo motivo de especulações desde que a fumaça branca saiu da chaminé do Vaticano anunciando seu nome em março de 2013.

Comentando o assunto em uma entrevista ao canal em espanhol Telemundo no mês passado, Francisco disse que a pneumonia foi "tratada a tempo", mas que se tivesse esperado algumas horas a mais para ir ao hospital, a situação poderia ter sido "mais grave".

O Papa também sofre de osteoartrite, também chamada de artrose, do joelho direito. O quadro inoperável dificulta sua locomoção, forçando-o a se locomover com muletas ou cadeiras de rodas. Ele também teve de cancelar ou reduzir as atividades várias vezes nos últimos meses devido à dor.

A idade avançada agrava a situação, mas, segundo informações da imprensa italiana, a doença estaria associada à postura errada. O problema postural o levou a descarregar mais peso na articulação do joelho direito, o que levou ao seu enfraquecimento ao longo do tempo e provocou um desgaste severo do ligamento.

Em uma entrevista no fim do ano passado, o Papa argentino afirmou que assinou uma carta de renúncia há quase uma década para o caso de eventualmente a saúde precária o impedir de desempenhar suas funções. Antes, já havia dito que não descartava renunciar ao trono de São Pedro caso percebesse que não tem mais condições de fazer seu trabalho.

As especulações sobre a possibilidade de uma abdicação se intensificaram após a morte de seu antecessor, o Papa Bento XVI, em 31 de dezembro. Em 2013, o alemão quebrou um tabu de seis décadas ao abrir mão do comando da Igreja, admitindo que a idade avançada e a saúde frágil já não lhe davam mais condições para liderar a instituição.

Bento XVI passou sua última década de vida em recolhimento no mosteiro Mater Ecclesiae, no perímetro do Vaticano, o que forçou a comunidade religiosa a navegar por um mundo com dois Papas com estilos e visões diferentes sobre como a Igreja deve ser conduzida. Apesar de atritos pontuais, a coexistência foi majoritariamente pacífica e abriu precedentes para que outros herdeiros de São Pedro sigam pelo mesmo caminho.

Francisco, contudo, sinaliza que a hipótese de renúncia não está em seu horizonte. Durante a viagem para a Hungria em abril, por exemplo, afirmou que seus problemas médicos não devem impedir que sua agenda de viagens continue. Meses antes, ao receber jesuítas da República Democrática do Congo, afirmou crer que o o trono de São Pedro é ad vitamin, termo em latim que quer dizer vitalício.

De 2 a 6 de agosto, o Papa tem marcada uma ida a Lisboa para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e, no mês seguinte, deve ir a Marselha, na França. Mais adiante, tem viagem marcada para a Mongólia.

Via / O Globo

 

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