Foto: Alpha Fish.
Mais de 700 toneladas de peixes mortos foram retirados de uma fazenda de tilápias, a Alpha Fish, em São Jorge D'Oeste, no Sudoeste do Paraná.
Um relatório produzido por técnicos da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) apontou que a causa da morte dos animais é a embolia gasosa, causada pela supersaturação de oxigênio na água. Em entrevista para a Rádio Educadora, os proprietários Gilson e Lizania Tedesco detalharam que a saturação normal é 7 e nos últimos dias estava em 150. Já a oxigenação comumente fica em 6 e estava em 13. Essa não é a primeira vez que são surpreendidos com morte em massa dos peixes, no ano passado uma situação semelhante aconteceu na mesma época, porém em escala menor, 100 toneladas foram retiradas dos tanques.
O que chama a atenção é que não apenas os peixes comerciais que morreram, mas também os nativos do Rio Iguaçu, o número é muito alto dos animais que morreram e até o momento não foi feito um balanço do prejuízo para a natureza.
O documento indica a ocorrência de três episódios de mortalidade de peixes semelhantes ao longo de um ano. Todos aconteceram logo após o registro de chuvas intensas que motivaram a abertura das comportas da Usina de Salto Osório, em São Jorge D’Oeste, para regular o nível dos reservatórios.
Gilson durante a entrevista refletiu sobre a situação que choca os moradores ribeirinhos. "O peixe comercial será ressarcido... e como que vai ficar a natureza?" Contou que durante a navegação pelo rio chegou a ver peixes que nem sabia que habitavam a região, situação que chamou a atenção foi um dourado de 1,20 m. Animais de diversas espécies morreram. "Nós perdemos a produção que iria abastecer nossos clientes até fevereiro do ano que vem. É um prejuízo muito grande. Apostamos no potencial da região para a produção, temos compromissos a cumprir e não podemos ficar nessa incerteza", ressalta Gilson Tedesco.
A principal suspeita de ter causado toda essa mortandade a manobra inadequada das usinas Salto Osório e Salto Santiago, as quais tiveram que abrir as comportas nos últimos dias por conta do grande acúmulo de água, e por aumentar a velocidade do fluxo, consequentemente altera os níveis de saturação e oxigenação, causando então a embolia gasosa.
Além do prejuízo financeiro para a empresa também afeta a economia e a sustentabilidade da região.
Amostras de peixes, água e solo foram analisadas no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária e no Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná). Foram descartadas a contaminação por agrotóxicos e doenças virais.
O deputado estadual Luis Corti (PSB) cobrou providências das autoridades sobre a mortandade de peixes registrada no Rio Iguaçu. Uma proposta legislativa para proteger a produção na região está em elaboração pelo parlamentar. "Estive na região dos lagos para verificar in loco e o que aconteceu é um verdadeiro crime. As autoridades ambientais e a Aneel precisam tomar conhecimento do que está acontecendo. Quem recebe a concessão tem que harmonizar a geração de energia com as outras atividades desenvolvidas no entorno e também ter uma preocupação com o meio ambiente", afirma Corti.
A proposta prevê a elaboração de um plano estratégico de esvaziamentos dos lagos, com a obrigatoriedade de comunicação antecipada da abertura das comportas e o esvaziamento de forma gradativa, evitando grandes alterações de pressão.
Nota das Usinas Hidrelétricas Salto Santiago e Salto Osório
"As fortes e extraordinárias chuvas e cheias na região sul do Brasil têm impactado diretamente as afluências na bacia do Rio Iguaçu, onde estão instaladas seis hidrelétricas de grande porte. Nesse cenário emergencial, é fundamental que sejam executados os procedimentos mandatórios de segurança operacional pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), órgão responsável pela programação da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional.
Um desses procedimentos é a abertura das comportas do vertedouro das usinas, que tem como objetivo equilibrar a vazão das águas, conforme a afluência prevista ou já ocorrida. Além de garantir a segurança operacional das Usinas e de suas estruturas, a manobra age preventivamente para mitigar quaisquer riscos decorrentes de cheias e alagamentos às comunidades de entorno dos reservatórios, bem como à biodiversidade, além de promover a segurança das barragens.
Nesses casos, a legislação ambiental vigente determina as iniciativas que devem ser colocadas em prática e que são seguidas rigorosamente pela Companhia. Uma delas é a intensificação das rondas de monitoramento e vigilância ambiental e patrimonial no perímetro dos reservatórios.
As equipes técnicas da Usina Hidrelétrica Salto Santiago continuam seus trabalhos de monitoramento e vigilância ambiental e patrimonial, coletando informações e materiais para análise e investigação das ocorrências à jusante da operação, mantendo comunicação com os órgãos ambientais competentes."
Via Catve.com com Alep
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