AGRO: Ponto de maturidade fisiológica e colheita da cultura do Trigo

AGRO: Ponto de maturidade fisiológica e colheita da cultura do Trigo

 

Por / Danimar Dalla Rosa - Guaraniaçu - Colunista RRMAIS.com.br

Lavouras de trigo semeadas em final do mês de abril e início do mês de maio passado hoje se encontram em fase final do ciclo reprodutivo. Esse ano os triticultores do estado do Paraná encontraram muita dificuldade no momento da semeadura do cereal, principalmente devido a escassez e irregularidades das chuvas no início da janela de plantio fazendo com que muitas lavouras fossem semeadas mais tardiamente, quando as previsões pluviométricas se confirmaram.

Apesar disso, muitos agricultores resolveram arriscar, fazendo a semeadura sobre o solo seco e isso fez com que a emergência das plantas se tornasse bastante irregular. Consequentemente, essas lavouras hoje apresentam grande desuniformidade, podendo ser encontrado no mesmo talhão plantas finalizando o enchimento dos grãos e outras já com o ciclo reprodutivo concluído.

Não bastasse a emergência irregular das plantas, em final de junho e início de julho vimos acontecer uma forte geada, abrangendo todo o estado, fazendo com que muitas lavouras de trigo fossem afetadas. A consequência desta geada hoje pode ser vista nitidamente quando se analisa uma lavoura de trigo onde o talhão apresenta gradiente de relevo. De maneira geral, em regiões mais baixas, onde o acumulo do ar frio foi maior, algumas plantas acabaram morrendo e estão secas, enquanto regiões mais altas onde o frio foi menos intenso as plantas ainda encontram-se fotossinteticamente ativas, finalizando o ciclo reprodutivo.

Além disso, o próprio gradiente de fertilidade do solo faz com que a maturação do trigo muitas vezes se torne irregular podendo ser observado em um mesmo talhão manchas com plantas mais adiantadas, finalizando o ciclo reprodutivo e plantas mais atrasadas, dependendo ainda de recursos para o total enchimento dos grãos, o que está relacionado com o menor e maior nível de fertilidade do solo, respectivamente.

Levando em consideração todos esses fatores, e também a necessidade de obtermos lavouras com nível de maturação regular para que a colheita seja realizada sem que ocorram maiores perdas, fica evidente a necessidade de intervenção por meio do uso de herbicidas dessecantes/maturadores com o intuito de uniformizar o padrão de maturidade das plantas, facilitando a colheita.

Contudo, deve se ter muita atenção e perícia no momento da tomada de decisão para realizar a dessecação do trigo. Isso porque aplicações antecipadas tendem a forçar a maturidade da planta, podendo formar grãos chochos e com baixo peso devido ao não acumulo de matéria seca por completo. Todavia, aplicações atrasadas, após o estágio ideal além de perder a finalidade, tendem a debulhar espigas já formadas e prontas para serem colhidas.

De maneira geral, pode ser considerado como ponto de maturidade fisiológica da cultura do trigo (ponto de maior acúmulo de matéria seca no grão) o momento em que a planta apresenta o colmo (entrenó) na coloração amarela e o nó, ou na sua proximidade, se observa coloração verde. No entanto, em um mesmo talhão da lavoura podem ser encontradas plantas em diferentes estágios fenológicos, devido, entre outros, a ocorrência dos eventos citados acima.

Dessa forma, no momento da tomada de decisão, deve se ter o bom senso de analisar a área como um todo e fazer um levantamento geral da situação, recomendando a aplicação do dessecante quando 70% ou mais das plantas apresentem as características relacionadas ao ponto de maturidade.

Outro ponto que se deve ter atenção no momento da dessecação do trigo está relacionado com os ingredientes ativos permitidos para realizar tal função. Isso porque, hoje, existem no mercado várias moléculas que possuem efeito dessecante, no entanto, apenas algumas marcas comerciais que apresentem como ingrediente ativo o glufosinato de amônia são permitidos e apresentam registo para tal finalidade.

Dessa forma, mais uma vez vale salientar a necessidade de acompanhamento da lavoura por técnicos habilitados e que apresentem experiência de campo para orientar no momento da tomada de decisão quanto ao uso de qualquer produto na lavoura, evitando assim possíveis problemas relacionados a perda de produtividade. 

 

RRMAIS.COM.BR “Informação com Credibilidade”.

** Envie fotos, vídeos, sugestão de pautas, denúncias e reclamações para a equipe Portal RRMAIS.com.br pelo WhatsApp (45) 9 9132-8230. 

Danimar Dalla Rosa

Danimar Dalla Rosa

Possui curso Técnico em Agropecuária pelo Colégio Agrícola Estadual Ângelo Emílio Grando - Erechim, RS. Engenheiro Agrônomo pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE. Foi bolsista de Iniciação Científica por dois anos consecutivos e bolsista do grupo PET Agronomia da UNIOESTE por mais dois anos. Foi estagiário; entre julho e outubro de 2014; no Setor de Melhoramento Genético da cultura do Trigo na Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola - COODETEC em Cascavel - PR. Mestre na área de Produção Vegetal, linha de pesquisa manejo de culturas pela UNIOESTE e atua como Engenheiro Agrônomo na empresa Fertizan - Comércio de Defensivos Agrícolas. Também atua nas áreas de fruticultura e fitotecnia.