Imagem/CPG.
Na segunda safra, apenas o milho já está na estimativa de mais de 96,3 milhões de toneladas, elevando o déficit de maior armazenamento e com isso, causando maior lentidão na retirada dos grãos das lavouras e no escoamento. “É possível que no pico da colheita da soja, na segunda quinzena de fevereiro, março, que tenhamos a velha dificuldade de não encontrar armazéns, talvez seja um pouco pior este ano”, comentou a superintendente de Armazenagem da Conab Stelito dos Reis Neto, à Reuters.
“Mas a preocupação que vejo agora não é com a primeira safra, porque já estamos com esses números apertados já há muito tempo. A preocupação é a segunda safra, vai ter mais produto esperando no campo para entrar no armazém..” declarou ele. A capacidade de armazenagem, significa que esse produtor pode até guardar produtos como a soja e o milho para a sua comercialização nos melhores preços, evitando que tenha a pressão sazonal das colheitas no mercado.
Essas grandes safras também apertam ainda mais a armazenagem do Brasil em momentos em que até o governo faz uma sinalização de mudanças na política agrícola, que pode até fazer com que as retomadas de compras sejam para a formação de estoques públicos.
O Brasil vivenciou uma situação parecida na última temporada com a projetada para 2022 e 2023 por conta de uma quebra da safra de soja na seca do Sul, fazendo com que o país deixasse de colher cerca de 20 milhões de toneladas da oleaginosa. Toda a nação colheu um pouco mais de 161 milhões de toneladas no ciclo anterior (2021 e 2022), enquanto sua capacidade era de mais de 187,69 milhões de toneladas. “A situação nacional difere de outros grandes produtores agrícolas. Os Estados Unidos, concorrente do Brasil na exportação de milho e soja, são capazes de armazenar mais do que uma safra completa”, disse o superintendente da Conab.
Paulo Polezi, CFO da Kepler Weber, líder em equipamentos agrícolas pós-colheita da América Latina, continua a reforçar “sobremaneira” a importância da ampliação da capacidade de armazenagem no nosso país. Sem isso, os grandes agricultores podem perder uma “grande oportunidade de ampliação ganhos com a produção”.
“Além disso, por não haver estoques reguladores suficientes no país, ocorre a necessidade de transportar grandes volumes de grãos ao mesmo tempo, gerando sobrecarga no sistema logístico, o que inflaciona o custo do frete”, pontuou ele. Um estudo que saiu recentemente feito pela associação Abimaq, citado por Polezi, mostra que seriam necessários cerca de R$ 10 bilhões em investimento na estrutura de armazéns, durante dez anos, para conseguir acabar com todo o déficit. Ele ainda recordou que os financiamentos disponíveis para tais aportes teriam sido “insuficientes” para acompanhar todo o crescimento.
Via/CPG.
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