Grande parte das lavouras de soja cultivadas no oeste e sudoeste do Paraná, na última safra, acabaram de ser colhidas. Alguns agricultores encerraram as colheitas a pelo menos dois meses, outros finalizaram os trabalhos a poucos dias. Há de se levar em consideração também que em algumas propriedades ainda existam talhões da cultura a serem colhidos.
Nestas áreas colhidas, comumente conhecidas por “resteva de soja”, alguns produtores optaram pelo cultivo do milho de segunda safra ou feijão. Outras áreas devido a colheita mais tardia acabaram por ficar em pousio, ou seja, sem receber qualquer cultura até o momento ou mesmo esperando o momento mais propício para a semeadura dos cereais de inverno que acontecerá no início do próximo mês.
Essas áreas que se encontram em pousio acabam desenvolvendo um ambiente bastante favorável para o desenvolvimento de plantas daninhas, pois não existe nenhuma competição pelos recursos naturais de qualquer cultura que seja, permitindo assim, que essas plantas “oportunistas” acabem se desenvolvendo de maneira bastante rápida.
O desenvolvimento de daninhas como Trapoeraba (Commelina spp.); Leiteiro (Euphorbia spp.); Picão (Bidens spp.); Capim pé de galinha (Eleusine spp.); Capim Amargoso (Digitaria spp.) e Brachiárias em geral é muito comum nessas áreas de resteva, pois, o banco de sementes dormentes encontrados no solo geralmente é bastante significativo.
Essas plantas merecem bastante atenção, pois durante esse período que permanecem em desenvolvimento encontram condições muito favoráveis para a produção de sementes, aumentando assim a capacidade de dispersão nesse ambiente e aumentando o banco de sementes no solo. Além disso, plantas daninhas que acabam entrando na fase reprodutiva apresentam maior dificuldade para controle, devido ao seu porte maior e sistema radicular mais desenvolvido necessitando assim o uso de dosagens maiores de herbicidas ou até mesmo a mistura de dois ou mais ativos.
Plantas voluntárias de soja, as quais emergem de sementes perdidas durante o processo de colheita também se desenvolvem e necessitam atenção, pois, assim como as daninhas oferecem abrigo para insetos durante a entressafra, servindo como ponte de alimento entre a cultura antecessora e a sucessora. Além disso, essas plantas acabam hospedando doenças e permitindo que essas desenvolvam estruturas de resistência durante o período, aumentando as fontes de inoculo para a próxima safra.
Levando em consideração todos esses fatores, fica muito claro a necessidade de manejarmos adequadamente essas plantas, visando o controle por completo das plantas daninhas e voluntárias de soja que emergem. Para esse manejo, comumente são utlizados herbicidas como Glifosato; Metsulfuron e 2,4D, os quais vem sendo utilizados por muitos agricultores em mistura de calda, aumentando o espectro de controle.
Vale ressaltar o cuidado que devemos tomar quando o manejo requer o uso de herbicidas como Clethodim ou Haloxifop. Esses herbicidas são opção quando encontramos plantas gramíneas de difícil controle ou tolerantes ao Glifosato, como por exemplo o Capim amargoso. O cuidado redobrado no uso desses herbicidas durante esse período se faz necessário pois existe um período que deve ser respeitado entre a aplicação de ambos e a semeadura do trigo, ou qualquer outro cereal de inverno, pois estes acabam por deixar residual de ativo no solo, podendo prejudicar a emergência da cultura de interesse.
Outro ponto que merece bastante atenção é referente a incompatibilidade entre alguns ativos que geralmente são utilizados nessa época, sendo que, mistura de 2,4D com Clethodim ou Haloxifop acaba reduzindo drasticamente a performance de segundo grupo, necessitando de aplicações subsequentes para realizar o manejo das gramíneas por completo.
Todo esse cuidado referente ao controle de plantas daninhas no pré plantio do trigo se faz necessário pelo fato de que em breve estaremos entrando no período propício para a semeadura dessa cultura e o correto manejo das daninhas e voluntárias permite que tenhamos muito sucesso nessa fase, a qual é fundamental para o bom estabelecimento da cultura.
Além disso, plantas não controladas nesse momento irão competir com a cultura futuramente e para controle em pós emergência da cultura acaba sendo necessário o uso de ativos específicos ou aumentando a dosagem dos tradicionais, aumentando o custo e o risco de problemas com fitotoxidade na cultura.