OLIMPÍADA: É injusto cobrar medalha onde não há investimento

OLIMPÍADA: É injusto cobrar medalha onde não há investimento

Ao chegarmos à essa data onde ocorre o maior evento esportivo mundial, todos nós passamos a acompanhar com maior evidência várias modalidades que geralmente não possuem tanta evidência na mídia, principalmente se tratando de TV aberta.

As Olimpíadas nos trazem sentimentos de empatia em diversas histórias de superação através do esporte. Nossos atletas que conquistam uma medalha passam a ser chamados de heróis olímpicos, e aqueles que acabam sendo superados, eventualmente recebem uma enxurrada de críticas e protestos de todos os lados.

Mas até que ponto podemos cobrar ou até mesmo exigir uma medalha dos atletas que representam o Brasil nos Jogos?
Quando o Brasil se tornou sede dos Jogos de 2016, muitos pensavam que seria um marco na história do nosso esporte, sendo que o investimento realizado em estruturas se tornaria um legado para futuras gerações para que tivessem condições de brigar com as potências mundiais.

A verdade é que aproveita-se pouco do que sobrou como legado. Sem entrar na questão política, dificilmente se faz alguma coisa nesse país sem nenhum interesse, e o que vimos foram diversos escândalos de fraudes e corrupção. Quem menos conseguiu com isso foram os atletas e técnicos que lutam para que o esporte seja fomentado da maneira que merece.

Realmente a disputa com os países de primeiro mundo é desleal.

Em nosso país ainda encontramos escolas que tem dificuldade em ter pelo menos uma bola de qualidade para as aulas de Educação Física. Nosso Estado e nossa região ainda conseguem ter uma estrutura que nem se comparado a outros locais mais “esquecidos” do Brasil.

Quantas são as histórias de superação dos medalhistas olímpicos não é mesmo. E estes devem ser mesmo considerados heróis, pois é admirável o fato de mesmo contra todas as adversidades tenham conseguido um feito tão louvável.

O que mais vemos neste momento são pessoas cobrando nossos atletas, por vezes até espalhando ódio nas redes sociais e desmerecendo quem está lá representando nossa nação. Muitos destes, reclamam quando se cobra um valor mínimo para ver um evento esportivo, nunca procurou expor sua marca através de um atleta ou uma equipe esportiva, e em casos até dificulta a ida de um atleta que seja funcionário de sua empresa para uma competição seja lá qual for. Muitos nem ao menos se dão ao trabalho de seguir o atleta em uma rede social para ajudar no engajamento de suas publicações.

Alguns dados são interessantes para analisarmos:

  • O Brasil enviou a Tóquio 309 atletas.
  • Destes, 42% não possuem nenhum patrocínio.
  • 19% vivem com menos de 2mil reais de auxílio.
  • 7% vivem com menos de 1mil reais de auxílio.
  • 13% fizeram as famosas vaquinhas para custear a ida aos Jogos.
  • 10% sequer vivem do esporte que praticam.
  • 89 atletas conseguem custear as despesas e conciliar os treinos integrando as Forças Armadas do nosso País
  • 15% são motoristas de aplicativos.

Olhando para estes dados, não podemos nem devemos comparar a cobrança que é feita nos atletas em uma Copa Do Mundo de Futebol por exemplo, onde ali, absolutamente é um “coitadinho” recebendo muito dinheiro para assumir uma cobrança que as vezes realmente é pesada.

Agora, esses atletas se privam de muita coisa durante um ciclo olímpico de 4 anos, que por vezes é colocado abaixo por um simples erro. No caso dos 100m rasos em menos de 10 segundos.

Portanto, devemos colocar a mão na consciência e ao menos valorizar quem está lá com tanto mérito, entre os melhores atletas do mundo. Torcer, vibrar, mandar aquela energia positiva e parar de cobrar tanto uma coisa a qual não fizemos por merecer ao longo de tantos anos. Nossos atletas merecem ao menos essa valorização, já que dos órgãos competentes isso não vem acontecendo.

Parabéns atletas, independente da colocação, vocês já são sim vencedores por defender um país que não defende vocês!

 

Willian Giasson

Willian Giasson

- Graduação em Educação Física - Bacharel e Licenciatura
- Técnico Nível 3 - Confederação Brasileira de Voleibol
- Campeão Brasileiro Escolar