BRASIL: Caminhoneiros se mobilizam e prometem ir à Justiça contra reajuste de combustíveis

BRASIL: Caminhoneiros se mobilizam e prometem ir à Justiça contra reajuste de combustíveis

Imagem / Divulgação.

Lideranças dos caminhoneiros falam em "estado de choque" e "facada do governo" após a alta, anunciada nesta quinta-feira (10) pela Petrobras, de quase 25% do óleo diesel. Eles pretendem mover ações judiciais contra o reajuste e fazer uma ofensiva política pela mudança imediata na fórmula de preços dos combustíveis. A Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas diz que ainda hoje tentará uma decisão liminar para barrar o aumento.

Os caminhoneiros ouvidos descartam uma paralisação nos próximos dias em resposta ao aumento. Além do reajuste de 24,9% no preço do diesel, a Petrobras anunciou aumento de 18,7% na gasolina e de 16% para o gás liquefeito de petróleo (GLP).

“O reajuste do diesel não é mais só um problema dos caminhoneiros, se a população não se mobilizar, ninguém vai mais comer ou consumir nada.” Foi com essa reação que o presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o Chorão, um dos principais líderes do movimento grevista de 2018, recebeu a informação do aumento de preços da Petrobras.

“Nós caminhoneiros não temos mais como nos mobilizar sozinhos. Esses aumentos atingem a todos, então, pobres, classe média têm que ir às ruas. Nesse caso, os motoristas darão apoio”, afirmou Chorão. "As transportadoras vão repassar, ninguém vai trabalhar no vermelho", destacou. "O tomate é o caminhão que leva, o leite é o caminhão que leva, vai tudo rebater no preço do supermercado."

Chorão e outros caminhoneiros que se mobilizam em redes sociais e em grupos de WhatsApp reclamam que a Petrobras trabalha para o mercado financeiro e perdeu seu objetivo inicial que era garantir combustível para os brasileiros. “O governo é o maior acionista da Petrobras, tem que parar essa coisa de paridade”, dizem alguns áudios de motoristas.

Justiça

De acordo com o deputado Nereu Crispim (União-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, o grupo ingressará ainda hoje com uma ação na Justiça Federal pedindo liminar contra o reajuste da Petrobras. Uma das bases da ação, segundo ele, é o Código de Defesa do Consumidor.

"Foi uma facada. O clima nas estradas é o pior possível", avisou Crispim. O deputado diz estar transmitindo ao governo a insatisfação da categoria com uma demora na definição de um mecanismo para amortecer, no mercado doméstico, a disparada internacional do petróleo. Embora algumas alternativas estejam sobre a mesma desde segunda-feira (7), a semana está perto de terminar e não houve decisão, notou.

Sobre a PEC dos combustíveis, o presidente da Abrava diz que se aprovada será paliativa. “De novo, o Bolsonaro está jogando a coisa na mão do Congresso, ou culpando governadores. Nada disso vai adiantar, o que precisa é a Petrobras parar com essa política”, destacou Chorão.

“Obviamente, não sabíamos que teria essa guerra, mas quando tentamos fazer uma paralisação em novembro do ano passado, nos ameaçaram com multas estratosféricas. Queríamos apenas mostrar à população que essa paridade não dá para manter, não ganhamos em dólar e sim em real”, criticou o presidente da Abrava.

Greve

Chorão lembrou que a experiência do dia 1º de novembro de 2021 -- última tentativa de greve -- deixou sequelas. Em função de iniciativas da Advocacia-Geral da União (AGU), dezenas de liminares judiciais determinavam multas de até R$ 1 milhão para caminhoneiros que bloqueassem estradas. Isso enfraqueceu o movimento.

"A categoria não está mais com o presidente [Jair Bolsonaro], mas seria oportunismo desestabilizar a economia neste momento de guerra lá fora. Precisamos de serenidade e estamos confiantes na Justiça", afirma Crispim.

"O governo tem que ter sensibilidade. A Petrobras simplesmente não pode dar lucro como está dando agora", acrescenta Chorão.

Ambas as lideranças defendem a alteração imediata da fórmula de preços da Petrobras, fazendo com que os combustíveis não sejam mais atrelados à variação do dólar e à cotação internacional do barril de petróleo. Crispim cobrou, junto com essa mudança, a criação de um fundo de estabilização da gasolina e do diesel.

Em grupos de WhatsApp, a notícia parece não ter surpreendido os motoristas, apenas acirrado a disputa entre quem é contra ou a favor do presidente Bolsonaro. Há quem diga que ele pode fazer alguma coisa, como estatizar a Petrobras, e há os que defendam que “nada se pode fazer diante de uma guerra”.

Via / Globo Valor Econômico

 

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