ECONOMIA: Dólar fecha em R$ 4,60, menor patamar em mais de dois anos. Ações da Petrobras têm baixa, após reviravolta em sucessão.

ECONOMIA: Dólar fecha em R$ 4,60, menor patamar em mais de dois anos. Ações da Petrobras têm baixa, após reviravolta em sucessão.

Imagem / Marco Ankosqui / Agência O Globo.

O dólar seguiu com sua trajetória de baixa ante o real, fechando no menor patamar desde o pregão de 04 de março de 2020, e a Bolsa caiu nesta segunda-feira. Entre as ações, o destaque foi para a queda dos papéis da Petrobras após as reviravoltas na sucessão da companhia.

O economista e consultor Adriano Pires, que havia sido indicado ao cargo de presidente da companhia, comunicou sua desistência, nesta manhã, ao Palácio do Planalto, como informou o blog da colunista Malu Gaspar.

No domingo, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, já havia desistido de ocupar um cargo no Conselho de Administração da empresa. Em ambos os casos, pesaram os conflitos de interesse que seriam enfrentados na companhia.

A moeda americana teve baixa de 1,27%, negociada a R$ 4,6076, após atingir a mínima de R$ 4,6046.

É a menor cotação de fechamento da moeda desde o pregão de 04 de março de 2020, quando a divisa terminou negociada a R$ 4,5790.

A divisa já acumula perdas de 17,35% ante o real. A moeda local vem se beneficiando do diferencial de juros do nosso mercado ante o praticado em outros países, do patamar elevado do preço de commodities e da forte entrada de fluxo estrangeiro na B3.

A menor aversão ao risco no exterior também ajudou a impulsionar a queda da divisa.

 — O Brasil é um país identificado pelo estrangeiro como exportador e, com esses preços de commodities altos, nos beneficiamos. O conflito na Ucrânia se prolongando só sustenta esse cenário que tem favorecido o país  — destaca o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz.

Bolsa cai, com baixa da Petrobras

O Ibovespa cedeu 0,24%, aos 121.280 pontos, pressionado pela baixa nos ativos da Petrobras.

Os papéis ordinários da petroleira (PETR3, com direito a voto) cederam 1,02%, negociados a R$ 34,87 e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto) caíram 0,94%, cotados a R$ 32,70. A queda chegou a se itensificar após a notícia da desistência de Pires, mas o movimento arrefeceu.

Para o estrategista da RB, as incertezas diante da sucessão na empresa prejudicaram o desempenho do papel no pregão, mesmo em um dia de alta do petróleo no exterior.

A Petrobras teve um susto, com a incerteza. O mercado penaliza, porque recebeu bem a indicação do nome de Pires. Ele é alguém que o mercado entende como um especialista. Na dúvida de qual nome entraria no lugar, o papel é afetado.

Na mesma linha segue o sócio da Davos Investimentos, Marcelo Boragini:

— O Adriano Pires foi muito bem aceito pelo mercado, porém, com as notícias de hoje, o papel acaba sofrendo. Você tem incertezas com relação ao que pode acontecer com a empresa.

O presidente Jair Bolsonaro ainda tenta reverter a decisão e salvar a indicação do economista para o cargo.

Para Boragini, mesmo que a situação se reverta ou seja indicado um novo nome que agrade o mercado, a imagem da empresa fica prejudicada ante os investidores. O constante risco de ingerência por parte do governo também faz com os papéis da estatl operem descontados em relação aos pares globais do setor.

Por outro lado, ele ressalta que a ação ainda tem atrativos, como o preço baixo e a perspectiva futura de pagamentos de dividendos.

— Uma troca de gestão recorrente não é bom para qualquer empresa. O mercado tem esse desconforto, mas o papel está barato e tem projeção para pagar bons dividendos. Por isso, ele se segura mesmo com essas notícias. Se fosse em outras épocas, estaria até caindo mais do que isso — disse Boragini, destacando que conforme o período eleitoral se aproxime, as ações da empresa podem sofrer mais impactos da discussão política.

Para analistas de mercado, mesmo com a pressão negativa do pregão, os papéis da estatal devem se sustentar no atual nível de preços por causa do patamar elevado do petróleo no exterior

O lado operacional forte e a geração de caixa no nível atual podem “ofuscar” os problemas de ingerência política na empresa, na avaliação de um deles.

No ano, os papéis ON da petroleira sobem 13,58% e os PN, 14,94%, impulsionados pela disparada dos preços da commodity.

Em relatório, analistas do Goldman Sachs destacam que as incertezas quanto a troca de comando aumentam o fluxo negativo sobre as ações.

“No entanto, também observamos que, no curto prazo, o estatuto da PBR e a legislação brasileira reduzem a probabilidade de intervenção governamental nas políticas da empresa”, destacaram os analistas, Bruno Amorim, João Frizo e Guilerme Costa Martins.

O Goldman mantém a recomendação de compra para os papéis, levando em conta os atuais patamares de negociação.

De olho nos juros e na Covid

Na semana, os investidores aguardam a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, Banco Central americano, na qual se decidiu pelo primeiro aumento de juros desde 2018. O documento será divulgado na quarta-feira. Eles também monitoram o avanço dos casos de Covid-19 na China.

Sobre a ata do Fed, o mercado busca encontrar sinalizações sobre como pode ser dar o processo de aperto monetário nos EUA. Já há projeções de altas superiores a 0,25 ponto percentual para as próximas reuniões.

— Em abril, o mercado deve precificar um ritmo de juros maior, porque a inflação lá não dá sinais de alívio e o mercado de trabalho americano está aquecido.

Seguem no foco dos investidores, o avanço dos casos de Covid-19 na China, que obrigou autoridades do país a decretarem medidas de restrição em Xangai, importante centro financeiro do país, e a guerra entre Ucrânia e Rússia.

Os investidores monitoram o possível anúncio de novas sanções contra a Rússia após o governo ucraniano denunciar um "massacre deliberado" de civis em áreas que haviam sido ocupadas pelo Exército russo na região de Kiev.

Por Vitor da Costa / O GLOBO

 

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