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RIO DE JANEIRO (Reuters) - Uma nova disparada dos preços do barril do petróleo no mercado internacional nesta quarta-feira elevou a defasagem dos valores dos combustíveis vendidos pela Petrobras no Brasil ante os praticados no exterior, ampliando pressão para um novo reajuste nas refinarias da petroleira estatal, disseram analistas.
O cenário ocorre em momento em que já havia uma avaliação de que a companhia precisaria reajustar o diesel em breve, uma vez que a Rússia -- atualmente a principal fornecedora externa do combustível ao Brasil -- decidiu restringir as exportações do produto, que vinha chegando ao país com preços mais baixos do que o praticado por outros fornecedores mais tradicionais.
"Como a nova política (de preços da Petrobras) não segue o PPI (preço de paridade de importação), fica sempre difícil analisar quando pode ter o aumento. Mas, sem dúvida, pressiona a companhia", disse à Reuters o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Pedro Rodrigues.
O petróleo Brent chegou a subir cerca de 3% nesta quarta-feira e fechou acima de 96 dólares por barril, em seu maior patamar desde novembro de 2022, após notícias sobre uma queda expressiva dos estoques de óleo bruto nos Estados Unidos.
Já o petróleo norte-americano West Texas Intermediate (WTI) fechou a 93,68 dólares por barril, máxima desde agosto de 2022.
O sócio-diretor da Raion Consultoria, Eduardo Oliveira de Melo, destacou que a disparada do barril do petróleo ocorreu ainda nesta quarta-feira junto com uma alta do dólar, que ficou acima de 5 reais pela primeira vez em mais de um mês.
"Realmente, combinação explosiva", comentou o especialista, pontuando que o diesel vendido pela Petrobras tem mais de 70 centavos de real por litro de defasagem ante a paridade de importação.
Entretanto, apesar de elevada, a defasagem ainda está atrás da atingida em agosto deste ano, de cerca de 1 real por litro, antes da petroleira realizar seu último reajuste, de 25,8% para o diesel e 16,3% para a gasolina, explicou.
Uma vez que o Brasil não é autossuficiente em derivados de petróleo, especialistas recomendam que os preços da Petrobras, principal fornecedora de combustíveis do Brasil, estejam em equilíbrio para não inviabilizar importações por terceiros.
Além de ser suprido pela Petrobras e por algumas refinarias privadas, o mercado brasileiro importa cerca de 25% do óleo diesel e 15% da gasolina.
Já nos cálculos da StoneX, os preços do diesel da Petrobras estariam também mais de 70 centavos de real por litro abaixo da paridade de importação, necessitando de um reajuste de cerca de 19% para igualar. A gasolina, por sua vez, estaria aproximadamente 30 centavos abaixo, necessitando de um aumento de quase 10%.
"Dessa vez, acredito que o câmbio tenha ajudado a piorar a conta. O mercado está ansioso por um ajuste da Petrobras", disse o Head na área Petróleo, Gás e Renováveis da consultoria Stonex, Smyllei Curcio.
Desde que anunciou uma nova estratégia comercial, em maio, a Petrobras deixou de ser obrigada a seguir preços de paridade de importação, passando a considerar outras variáveis na precificação de seus produtos, com a promessa de ser a melhor opção para seus clientes e fornecedores, mas garantindo sua rentabilidade.
A empresa tem ainda segurado por mais tempo a defasagem antes de subir seus preços, em busca de evitar volatilidades. O cenário causa algumas incertezas para importadores do produto.
Procurada, a Petrobras reiterou em nota que "sua estratégia comercial tem como premissa a prática de preços competitivos e em equilíbrio com os mercados nacional e internacional, se valendo de suas melhores condições de produção e logística, ao mesmo tempo em que evita o repasse da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa câmbio".
A petroleira disse ainda que o mercado brasileiro de diesel em 2023 tem apresentado crescimento quando comparado ao ano anterior e que a demanda vem sendo atendida tanto pela Petrobras quanto pelos demais produtores e importadores. A empresa também disse que não tem importado diesel nem gasolina da Rússia.
SOBRE RÚSSIA
Sobre a anunciada restrição russa -- cujas vendas representaram em agosto cerca de 70% das compras externas brasileiras --, os especialistas consideram que possa já ter havido até o momento algum impacto marginal em preços, mas que não foi registrado falta de produto no Brasil em função disso.
"O que a gente tem sentindo são alguns aumentos marginais já por conta dessa notícia da escassez envolvendo a restrição na Rússia, que é o primeiro efeito, já cria uma expectativa de restrição de oferta e eleva os preços, mas restrição de produto físico não", afirmou Melo, da Raion.
"Não está sobrando produto, tem algumas restrições, mas nada diferente por conta da notícia envolvendo a Rússia."
Curcio, da StoneX, foi na mesma linha. Disse que uma notícia como essa acaba gerando especulações que podem afetar preços, mas que não foi sentido até agora uma falta dos fluxos da Rússia.
Via/MSN.
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