Imagem / Arte UOL.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) vão disputar o segundo turno das eleições. A votação será no próximo dia 30 de outubro, último domingo do mês. Com 97,99% das urnas apuradas, Lula tinha 48,01% dos votos e Bolsonaro, 43,56% —diferença de quase 5 milhões de votos.
O resultado de hoje frustra expectativas petistas de vitória em turno único ou a ida ao segundo turno com grande vantagem. As pesquisas indicavam as duas possibilidades, e o candidato trabalhou por este objetivo nas duas últimas semanas. Do outro lado, o resultado é comemorado pela equipe bolsonarista, que tem quatro semanas para reverter o cenário apontado hoje.
Com a apuração, o discurso antipesquisa do presidente ganha força, e a equipe de Lula que estava otimista recomeça a campanha preocupada.
Otimismo exagerado no PT.
Entre aliados e oponentes do PT, muitos interpretam que houve salto alto. Um exemplo é que na semana anterior à votação já havia especulação de ministros. O ex-governador do Maranhão Flávio Dino (PSB) foi cotado para ocupar a Justiça.
Oficialmente, Lula pregou pelo voto útil, encabeçou uma ofensiva pelo eleitorado de Ciro Gomes (PDT) e se posicionou contra a abstenção. Nos bastidores, a campanha endossou a campanha de "vira voto" —seja de forma orgânica, a convite da campanha ou por pressão de setores. Artistas, intelectuais, empresários e antigos opositores começaram a declarar publicamente voto no petista nas últimas semanas.
Ex-presidenciáveis, economistas e empresários se reuniram e chegaram a tirar foto fazendo "L", formando a chamada frente ampla pela democracia, com críticas ao presidente Bolsonaro. A ampla aliança levou otimismo à campanha.
Atacando sem provas.
Bolsonaro passou a campanha inteira duvidando das pesquisas e criticando o sistema eleitoral e a imprensa, sem apresentar provas. Colocou o processo de contagem dos votos em dúvidas de maneira reiterada e tentou emplacar que a apuração só teria validade se confirmada pelas Forças Armadas.
Faltando quatro dias para a eleição, o PL, partido do presidente, insinuou, também sem provas, que as eleições poderiam ser manipuladas, que boletins de urnas eram passíveis de fraudes e que a cadeia de servidores, formada por terceiros, oferecia "risco substancial". O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) classificou a auditoria do partido como "falsa e mentirosa".
Nas últimas semanas, o próprio presidente divulgou um suposto percentual de votos que esperava atingir hoje —em tom de ameaça. "A gente não consegue ver outra coisa a não ser as eleições serem decididas amanhã e com uma margem superior a 60% [de votos nele]", disse na live realizada ontem. Mesmo quando liderou a apuração, Bolsonaro nunca chegou nem mesmo a 50% dos votos válidos.
Por / Felipe Pereira e Lucas Borges Teixeira
Do UOL, em São Paulo
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